26 de set. de 2016

Compradores asiáticos conhecem produção de algodão da Bahia

Foto : Abapa
No início do mês de setembro, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) realizou no estado da Bahia. A Missão composta por 11 representantes de empresas asiáticas grandes consumidoras de algodão, passou pelos três maiores estados produtores de algodão do Brasil: Mato Grosso, Bapahia e Goiás.
Na Bahia, os asiáticos visitaram fazendas e algodoeiras que representam a cotonicultura baiana e conheceram o Centro de Análises de Fibras da Abapa, localizado em Luis Eduardo Magalhães. “O mercado asiático é muito importante para o algodão brasileiro. Essa é uma grande iniciativa que com certeza trará grandes resultados para a cultura do algodão no país. Temos um produto de alta qualidade e essa oportunidade de poder mostrar o nosso processo de produção é uma forma de gerar credibilidade ao mercado”, disse o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Celestino Zanella.
Vindos de Bangladesh, China, Coreia do Sul, Índia, Tailândia e Vietnam, as empresas representam um potencial de compra equivalente a mais de 70% de toda a exportação brasileira de algodão em um ano. Já os países representados por esses compradores estão entre os 10 maiores importadores desta commodity do Brasil, e responderam, em 2015, por quase 50% da exportação nacional da fibra. “As missões de compradores ao Brasil têm se mostrado uma excelente estratégia de aproximação e desenvolvimento de negócios e será especialmente importante nesta safra que tem previsão de superar em 19% o volume de exportação em relação à safra anterior”, afirma o presidente da Abrapa, João Carlos Jacobsen.
Para o gerente de compras da Mars Textile, de Bangladesh, Rezwan Sadat, o algodão brasileiro tem melhorado muito a qualidade e a tendência é aumentar cada vez mais o consumo. “Nos últimos dez anos, tínhamos comprado cerca de 2 mil toneladas de algodão brasileiro. Mas, nesse ano, aumentamos o consumo e compramos cerca de 6 mil toneladas. Temos percebido que a fiabilidade e o comprimento melhoraram bastante e o índice de fibras curtas diminuiu, isso quer dizer que houve um avanço na qualidade”, disse Rezwan Sadat, que também ressaltou sobre a importância de conhecer a produção pessoalmente. “Essa é a primeira vez que venho ao Brasil e está sendo uma grande oportunidade de ver com meus próprios olhos todo o cuidado que os produtores tem durante o processo de produção”, ressaltou.
Missão Compradores na Bahia – Com maior extensão territorial, a Bahia é o segundo maior produtor de algodão do país e o mais importante estado algodoeiro da região nordeste com uma produção de aproximadamente 235 mil toneladas de pluma, exportando cerca de 50% a 60% da produção, nesta safra.
No primeiro dia da missão, na Bahia, os compradores passaram pela Fazenda Busato I e Algodoeira Warpol, do Grupo Busato e participaram de um Jantar de Confraternização, em Luís Eduardo Magalhães. No segundo dia, conheceram a Algodeira Algopar, do Grupo Horita, o Centro de Abastecimento da Ecom, e o Centro de Análise de Fibras da Abapa, que já realizou mais 600 mil amostras das safras 2014/2015 e 2015/2016.
“O algodão baiano tem muito o que mostrar para o mundo. Nós temos qualidade, nós temos sustentabilidade no nosso processo de produção –  tanto na área social, quanto na ambiental-, nós temos garantia de fornecimento e um plano de expansão de área, quando em um futuro bem próximo, estaremos plantando cerca de 500 mil hectares de algodão.  Daí a grande oportunidade que essa Missão nos proporciona, para mostrar ao mercado e principalmente aos compradores de algodão, como conduzimos a nossa lavoura e o nosso beneficiamento, os cuidados que temos com a qualidade do nosso produto e a garantia daremos continuidade no processo e no fornecimento desse algodão”, disse o vice-presidente da Abrapa, Júlio Cesar Busato, ao receber a Missão em sua propriedade.
A Missão Compradores é promovida pela Abrapa em parceria com as tradings ECOM, Louis Dreyfus Commodities, Reinhart e Cargil Cotton.
Fonte: Ascom Abapa

4 de set. de 2016

Pequenos agricultores malhadenses usam sacolas descartáveis para combater mosca branca.




Já é sabido que as cores, por si só já representam grandes significados em nossas vidas.   Culturalmente, somos todos influenciados pela cores. O verde que traz esperança, o branco a paz, o vermelho a guerra, o injustiçado preto que representa o luto, os maus fluidos ,e por aí se segue.
Transferindo o foco para a agricultura, pesquisas apontam o benefício das cores no controle de pragas emergentes e difícil controle como a mosca branca. Dentre elas destacam-se o amarelo e o azul, as quais apresentam um efetivo poder de combate e monitoramento de mosca branca, vaquinhas, pulgões e tripes.
No caso da mosca branca agricultores familiares do município de Malhada vem usando dois materiais adquiridos a custo zero para combate da mosca branca com muita eficiência e sem uma gota de veneno, hoje bicho papão da humanidade uma vez que pesquisas recentes revelam que os brasileiros tomam cerca de sete litros destes pesticidas por ano em função do consumo de alimentos contaminados conduzidos irresponsavelmente no campo  por amadores.
Sacolas descartáveis de supermercados, feiras  ,quitandas, antes com predominância da cor branca, agora  já aparecem na cor amarela. Elas são a principal matéria prima para montagem da armadilha em lavouras diversas. De posse destas, o agricultor  deve adquirir um adesivo também biológico ou óleos vegetais como os das frituras por exemplo.
Munido destes dois materiais, basta espalhar em forma de bandeirola ao lado das plantas (a sacola revestida pelo óleo) e esperar as moscas voarem em direção ao amarelo.  Elas são literalmente atraídas pelo amarelo, se grudam no óleo de fritura e  morrem.





Insetos elevam produtividade agrícola




Estudo em 12 países indica que abelhas e outros polinizadores respondem por 24% do ganho em pequenas propriedades
Embora estejam mais escassos no campo, por causa da redução da área das matas e do uso intensivo de fertilizantes químicos, as abelhas e outros insetos polinizadores respondem em média por 24% do ganho em produtividade agrícola em pequenas propriedades rurais (até 2 hectares). Os outros 76% estão associados à irrigação e a nutrientes e técnicas de cultivo, de acordo com estudo publicado na revista Science no dia 22 de janeiro. Segundo esse trabalho, quanto maior o número de polinizadores, maior tende a ser a produtividade agrícola, principalmente nas pequenas propriedades.
A pesquisa foi financiada pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), integra-se ao Projeto Polinizadores do Brasil, do Ministério do Meio Ambiente e foi coordenado por Lucas Garibaldi, da Universidade Nacional de Rio Negro e diretor do Instituto de Investigaciones en Recursos Naturales, Agroecología y Desarrollo Rural, da Argentina, com a participação de 35 pesquisadores de 18 países, incluindo o Brasil, por meio de 12 instituições de pesquisa de oito estados.
Estudos anteriores já haviam ressaltado a importância dos polinizadores para a agricultura (ver Pesquisa FAPESP nº 171) e fornecido uma estimativa dos ganhos de produtividade com polinização por abelhas, equivalente a 10% do valor da produção agrícola mundial (ver Pesquisa FAPESP nº 218). Não existiam, no entanto, análises numéricas tão detalhadas sobre os benefícios econômicos dos polinizadores auferidas pelos mesmos critérios em escala mundial.
Nesse trabalho, os pesquisadores analisaram o número de polinizadores, a biodiversidade e o rendimento de 33 cultivos dependentes de polinizadores (maçã, pepino, caju, café, feijão, algodão e canola, entre outras) em 334 propriedades pequenas e grandes da África, Ásia e América do Sul durante cinco anos (2010-2014), por meio de métodos padronizados e uniformes. Nos 12 países analisados, o rendimento agrícola cresceu de acordo com a densidade de polinizadores, indicando que, inversamente, populações reduzidas de abelhas e outros insetos poderia ser parcialmente responsável pela queda de produtividade.
“Demonstramos o potencial do aumento da densidade de polinizadores como forma de aumentar a produtividade agrícola”, disse Antonio Mauro Saraiva, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação (Biocomp) e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), que participou do trabalho de organização, registro e análise dos bancos de dados. “Nesse trabalho testamos duas hipóteses, o efeito do aumento da densidade de polinizadores e da riqueza de espécies”, disse ele. Para as pequenas propriedades, o ganho de produtividade dependeu da quantidade de polinizadores e não esteve ligado à diversidade desses animais na propriedade. Para as grandes fazendas, em contrapartida, a única forma de se tornarem mais produtivas seria aumentar tanto a quantidade de polinizadores quanto a diversidade de plantas e animais na área cultivada.

Visitantes de flores de maçã na Chapada Diamantina: A) besouro, B) vespa, C) abelha e D) borboleta
“O que mais contribuiu para a diferença entre as taxas de produção mais altas e mais baixas foi o aumento na densidade de polinizadores”, disse Leandro Freitas, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um dos autores do trabalho. “O incremento no uso de técnicas convencionais de intensificação agrícola, como o uso de fertilizantes sintéticos e monoculturas, apresentou uma contribuição equivalente à dos polinizadores.”
Freitas examinou o cultivo de tomates no norte do estado do Rio de Janeiro com a equipe de Maria Cristina Gaglianone, da Universidade Estadual do Norte Fluminense. “O grau de informação técnica dos produtores era muito baixo”, ele observou. “Muitos não sabiam que a visitação das flores por abelhas estava relacionada à produção dos tomates.”  Um estudo recente da equipe de Breno Freitas, professor da Universidade Federal do Ceará e também coautor do estudo da Science, indicou que a soja, como o tomate e outros cultivos, não depende de polinizadores, mas pode aumentar sua produtividade com eles.
Garibaldi, o coordenador do trabalho, percorreu as plantações de framboesa da Patagônia e observou: “A visão dos agricultores tem mudado nos últimos anos, mas ainda não dão muita importância aos polinizadores. A prioridade é o retorno econômico de curto prazo, sem uma visão de longo prazo.” Ele ressaltou: “Existem alternativas ao modelo mais adotado de produção agrícola, com base em monocultura e fertilizantes”.
Os autores do artigo da Science ressaltam o conceito de intensificação ecológica, que consiste em adotar medidas de promoção da biodiversidade capazes de aumentar a produtividade agrícola, sem abandonar as práticas convencionais. Essas medidas podem oferecer condições de vida mais amigáveis aos polinizadores, como o plantio de plantas com flores em faixas dos terrenos ou à margem das estradas, a construção de cercas-vivas, a redução do uso de pesticidas e a recuperação das matas nativas próximas aos cultivos. Em um artigo de 2014 na Frontiers in Ecology and the Environment, Garibaldi e sua equipe detalham as possibilidades de implantar essas e outras medidas para ampliar a densidade de polinizadores nas propriedades rurais.
“O próximo passo é implementar essas práticas agroecológicas”, disse Garibaldi. “Aproveitamos todas as oportunidades para apresentar essas possibilidades, para escutar e aprender.” A próxima oportunidade será na quarta reunião da Plataforma Internacional para Biodiversidade e Serviços Ambientais (IPBES), um órgão intergovenamenal criado em 2012 e aberto a todos os países membros das Nações Unidas, marcada para os dias 22 a 28 de fevereiro em Kuala Lumpur, Malásia.
Artigos
GARIBALDI, L. A. ​et al. Mutually beneficial pollinator diversity and crop yield outcomes in small and large farms. Science, v. 351, n. 6271, 22 jan. 2016, p. 388-391.
GARIBALDI, L. et al.
From research to action: enhancing crop yield through wild pollinators. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 12, n. 8, p. 439–447, 2014.
MILFONT, M. de O et al.
Higher soybean production using honeybee and wild pollinators, a sustainable alternative to pesticides and autopollination. Environmental Chemistry Letters, v. 11, n. 4, p. 335-341, 2013.